Páginas

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Gato Felix

O Gato Félix, ao contrário de seus colegas de trabalho como Mickey e Pernalonga, foi criado durante a era dos filmes mudos, em 1919. Obra de Pat Sullivan e/ou Otto Messmer (houve frequentes disputas quanto à autoria do personagem), seu design icônico de corpo preto e enormes olhos brancos ficou estigmatizado com as produções animadas da época, sendo copiado inúmeras vezes e até parodizado pela série americana Animaniacs, muitas décadas depois.





O primeiro grande superstar dos cartoons, Felix foi inicialmente batizado de “Master Tom”. Seu nome definitivo viria pouco tempo depois, baseado tanto no latim para gato (felis) quanto para sorte (felix). Tendo seus trajeitos baseados remotamente nos de Charlie Chaplin, o gato desfrutou em seus primeiros anos um sucesso estrondoso de público e crítica, que considerava-o um “exemplo bem-imaginado de surrealismo”. Com uma silhueta ligeiramente curvada e sempre imerso em pensamentos, Felix presenteava um olhar maravilhado ao mundo à sua volta, criando o fantástico em meio à confusão dos problemas em que sempre se metia – podendo transformar sua cauda em uma pá, um lápis ou um bastão quando bem quisesse, por exemplo. Tal magia e escapismo levou-o a tal popularidade, sendo citado até por Aldous Huxley, escritor de Admirável Mundo Novo, declarando que Felix representava “Como o cinema podia se tornar melhor que a literatura”.


Sua primeiríssima aparição, muito diferente do que veríamos anos depois, ainda atendendo pelo nome de Master Tom.


Seu apelo levou-o a ser uma das primeiras imagens a ser colocado no ar pela televisão. Porém, tal popularidade começou a decair com a chegada dos cartoons com som, especialmente Steamboat Willie, estréia de Mickey Mouse. Pat Sullivan, animador do gato, acabou metendo os pés pelas mãos ao transportá-lo para o mundo das falas numa animação estapafúrdia, introduzindo os efeitos sonoros na pós-produção e afastando a audiência, que viu-se ainda mais encantada pelas criações de Walt Disney ao compará-los. O estúdio não demorou a cancelar os desenhos de Felix, e as coisas foram de mal a pior quando a esposa de Sullivan faleceu poucos anos depois. Afogando-se em alcoolismo, o animador viu sua saúde e memória deteriorarem-se até morrer um ano depois, mergulhado em depressão.




Felix só voltaria às telas na década de 50, dessa vez sob a tutela de Joe Oriolo, criador de Gasparzinho. Mudando sua conduta para adequá-lo mais ao público infantil e adicionando temáticas como a Bolsa Mágica, mala de Felix que podia criar a mais variada gama de objetos, os novos cartoons para televisão provaram-se um renovado sopro de sucesso, colocando o gato de volta no panteão dos desenhos animados. Transformado num ícone cult e pop da atualidade, não é difícil vê-lo mesmo hoje em dia figurando nas roupas e acessórios, além de todos já terem se deparado com um relógio de parede onde Felix balança o rabo e olha para os lados sorrateiramente. Como todas as grandes estrelas das telas, Felix nunca morrerá. E é bom sabermos que sempre o teremos para nos salvar dos momentos tristes, coisa que infelizmente o sábio gato não pôde fazer por um de seus criadores.




DO BLOG NEPTUNE

Nenhum comentário:

Postar um comentário