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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ensaio sobre a visão

Quem disse a frase "o que os olhos não veem, o coração não sente" por certo é um ser desalmado, sem filigranas que o apurem para um olhar mais atento sobre as coisas que na alma vão. Os olhos atravessam qualquer barreira e, se não enxergam o que deveriam, veem pelo coração, esse sim dono de um olhar mais acurado. Se digo que estou de olho em você, o que significa? Espionagem? Medo? Desejo? Se digo que sinto o olhar alheio sobre mim, será isto um sinal ancestral, de feromônios a agir por meio das retinas?












Olhar cristalino. Olhos que dizem. Olhos dissimulados de Capitu. Olhar permissivo. Compassivo. Do rosto, o que mais eu gosto nas pessoas são os olhos. Que dizem ou ocultam. De resto, os olhos são janelas, sim. Que, se bem abertos, permitem que se faça a leitura.

Meus olhos podem não ver tudo. Mas precedem o que o coração deseja. Olho com fome, com desdém, com rancor, desprezo. Meu olhar apara e barra. Ou não. Creio que tenho a capacidade de, com o olhar, saber o que se vai na alma alheia. Quase sempre.

Meu coração pouco se equivoca de olhares esguios, vadios, que se movem em rápido movimento, tal qual o REM dos sonhos profundos. Antes que os olhos concluam o clínico exame, o coração já tem o prognóstico pronto. Mas os olhos ... Ah! Os olhos. Os olhos que te decifram e a mim também são, inegavelmente, espelhos do que te(me) vai no coração.

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